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Faro: Câmara quer linha ferroviária de alta velocidade

A Câmara Municipal de Faro aprovou, por unanimidade, em reunião de câmara do passado dia 23 de março, uma manifestação de apoio institucional ao avanço da linha ferroviária de alta velocidade entre Faro, Huelva e Sevilha.

Os vínculos históricos, comerciais e emotivos que unem as duas regiões; as localizações geográficas do Algarve e da Andaluzia relativamente ao centro económico europeu, que as coloca em posição favorável para estabelecer ligações entre Europa e África e América Latina; a necessidade desta infraestrutura para consolidar e acompanhar o seu desenvolvimento, a par dos já existentes equipamentos hoteleiros e industriais, permitindo uma conexão transfronteiriça atualmente inexistente e que, com a alta velocidade, será motor e impulso para o crescimento, foram alguns dos motivos que justificaram a aprovação desta manifestação de apoio da autarquia farense.

Do mesmo modo, o executivo autárquico teve em consideração que esta não é uma reivindicação apenas da governança, mas, também, dos empresários e agentes sociais das duas regiões e que, sendo prioridade da União Europeia a coesão territorial das regiões, em particular as periféricas, um projeto de uma linha de alta velocidade que ligue Faro, Huelva e Sevilha deve contar com o apoio político e financeiro da União Europeia. Aliás, a existência de importantes linhas de apoios por parte das autoridades comunitárias configura uma oportunidade única e, quiçá histórica, que não deve ser desperdiçada, no sentido de aceder aos fundos necessários para levar a cabo este projeto.

Recordamos que o Município de Faro se uniu aos Ayuntamientos de Huelva e Sevilha (Espanha) para reivindicar uma ligação ferroviária de alta velocidade que conecte estas três cidades, tendo, no âmbito do 1.º Encontro Internacional pela alta velocidade, iniciativa que teve lugar no dia 13 de fevereiro, o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, a alcaldesa de Huelva, Pilar Miranda e o alcalde de Sevilha, José Luis Sanz, assinaram um manifesto, em que instam as autoridades nacionais e comunitárias a comprometer-se pelo desenvolvimento deste corredor ferroviário entre o Algarve e a Andaluzia (Espanha), defendendo a sua inclusão como obra prioritária na Rede Transeuropeia de Transportes e dotação dos fundos necessários para o início dos trabalhos prévios.

De acordo com o documento firmado pelos três responsáveis, “a alta velocidade serviu para o desenvolvimento económico de cidades e regiões que, graças a uma moderna rede ferroviária, registaram um notável crescimento”. Nesse sentido, refere o manifesto, o Algarve e a Andaluzia são dois territórios que “carecem de uma infraestrutura férrea que permita consolidar um crescimento que lhes facilitar alcançar os níveis de atividade que potenciem os seus recursos e condições, não só naturais, mas também as suas infraestruturas hoteleiras e industriais”.

“A ligação ferroviária entre o Algarve e a Andaluzia através de uma linha de alta velocidade que conecte Faro com Huelva e Sevilha seria um marco na conectividade entre dois territórios chamados a ser protagonistas, que partilham o desejo de integrar-se nas grandes vias ferroviárias da Europa”, refere ainda, acrescentando que, apesar da melhoria considerável da rede viária nos últimos anos, a falta de uma rede ferroviária transfronteiriça converte-se num handicap para o desenvolvimento logístico do território, bem como para transporte de passageiros em duas zonas com vocação turística.

Para Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara de Faro, este é um investimento no futuro que pode, verdadeiramente, mudar a cara das nossas regiões: “A criação de um corredor ferroviário atlântico, que coloque a Linha do Algarve em comunicação com o resto da arquitetura da rede ferroviária espanhola, vai permitir a mobilidade eficiente e rápida de passageiros e mercadorias, mas também vem fomentar a coesão territorial e o desenvolvimento social e económico regional e transfronteiriço”, destacou o Autarca, adiantando que este projeto pode ajudar a aproximar o Algarve e a Andaluzia do centro económico europeu, ao mesmo tempo que “permite também dar passos importantes para atingir as metas ambientais de descarbonização”.

O autarca farense sublinhou ainda que “este é um momento único e talvez irrepetível para fazer avançar este projeto, reclamando junto dos governos e da União Europeia os fundos necessários para o fazer”.

Ademar Dias

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