Administração Pública investiu quase 220 milhões de euros em portáteis no ano passado
A Administração Pública (AP) investiu 717,46 milhões de euros na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ano passado, sendo que 40% desse valor, mais precisamente mais de 290 milhões de euros, foram gastos em hardware e no último trimestre de 2021, segundo os dados da plataforma TendersTool com base nos concursos públicos e adjudicações feitas no sector tecnológico.
A fatia orçamental para o hardware (equipamento informático) foi mais elevada por causa do investimento dos organismos do Estado na educação em microcomputadores – essencialmente computadores portáteis (219,5 milhões de euros), que foram responsáveis por 75% do investimento nesta categoria. A despesa surgiu num ano em que professores e alunos mantiveram algumas aulas online devido à pandemia de Covid-19.
“Pode-se concluir que mais de 30% do total foi investido em educação, com mais de 200 milhões de euros. A principal razão para estes números significativos tem sido discutida ao longo do relatório: a Administração Pública portuguesa decidiu fornecer hardware, principalmente equipamento informático, às escolas, o que teve um forte impacto positivo no sector da educação”, analisam os especialistas da TendersTool, no relatório “Barómetro de Investimento em IT”.
Observando cada área tecnológica, verifica-se que os serviços representaram quase metade do investimento de 717 milhões de euros, com mais de 340 milhões de euros investidos. Dentro dos serviços, o investimento em outsourcing de IT [tecnologias da informação] foi predominante, sobretudo para as soluções na cloud (SaaS – Software as a Service) e desenvolvimento de software.
Em termos de empresas, os principais adjudicatários de concursos públicos de 2021 foram a Claranet II Solutions, a MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia e a Inforlandia, com montantes superiores a 50 milhões de euros cada uma. Segue-se a Informantem – Informática e Manutenção e os CTT, ambos com mais de 25 milhões de euros, e logo depois a NOS – Comunicações e Companhia e a IBM – International Business Machines.
No programa de Governo divulgado na semana de passada, o Executivo liderado por António Costa reafirmou a vontade de investir na digitalização da AP nesta legislatura, nomeadamente na formação dos trabalhadores, que precisarão de ter cada vez mais competências técnicas para utilizar essas ferramentas de automação para a função pública.
“Uma Administração Pública moderna, simplificada e desmaterializada, capaz de atrair, qualificar e reter talento, com uma forte aposta na inovação e valorização de todo o território, com foco nas pessoas, nos serviços públicos e nas empresas, é essencial para a redução das desigualdades, para um efetivo combate à pobreza e para uma aposta no crescimento económico”, argumenta o Governo.
Ademar Dias