SulOffice.pt

Bispo do Algarve apela a que o tempo de confinamente seja aproveitado para meditar na Conversão de Vida

O bispo do Algarve refere na sua mensagem quaresmal deste ano, ontem divulgada, que “celebrar e viver a Quaresma em tempo de pandemia”, pode ajudar na “compreensão da importância da espiritualidade” e da “valorização do seu contributo como apoio pessoal e familiar na vida quotidiana”, sobretudo em “situações difíceis de explicar e de assumir”.

“Este ano, pelas circunstâncias que vivemos, temos a sensação de que a Quaresma se antecipou, tão exigente tem sido este tempo de confinamento, tempo tão atípico em que nos sentimos constrangidos, para bem de todos, a assumir a privação da participação presencial na Eucaristia dominical e noutras celebrações públicas”, escreve D. Manuel Quintas.

Na mensagem, intitulada “Celebrar e viver a Quaresma em tempo de pandemia”, o bispo diocesano enumera os constrangimentos que se vivem, “situações que perturbam, geram ansiedade e insegurança, aumentam a falta de esperança e a impaciência” pessoal e com os outros, mesmo com os “mais próximos”.

D. Manuel Quintas lembra que “a razão da Quaresma, o fim essencial deste caminho” que os cristãos são chamados a percorrer, é a “celebração da Páscoa, com a certeza de que a luz que brota de Cristo Ressuscitado está já presente” ao longo dele. “Queremos que esta luz ilumine a nossa vida, sobretudo as situações mais obscuras, nomeadamente as provocadas por esta pandemia”, prossegue.

“Queremos conhecer melhor e corrigir o que em nós não espelha a nossa condição de batizados e discípulos de Cristo, impedindo a nossa identificação com Ele”, desenvolve, acrescentando que assim “a renovação das promessas batismais em dia de Páscoa, como culminar do caminho quaresmal, corresponderá a um verdadeiro renascimento espiritual”.

O bispo do Algarve lembra que, ao longo deste caminho, os cristãos são “guiados e fortalecidos pela Palavra de Deus, que, tanto na liturgia dominical como na ferial”, apresenta “diversas propostas”.

“O primeiro convite que escutamos, logo no rito de imposição das cinzas, sintetiza o sentido deste caminho: arrependei-vos e acreditai no Evangelho (Mc 1,15)”, sustenta, acrescentando que “no arrependimento e na conversão pessoal está sempre implícito o acreditar no Evangelho, acreditar em Cristo, tornar-se seu discípulo, aceitar ser irmão e irmã de todos, com tudo o que isso significa, inclusive nas situações mais diversas e adversas da vida” e “está sempre implícito o convite à reconciliação (cf. 2 Cor 5,20) com Deus e com todos”.

D. Manuel Quintas lembra ainda que “para progredir, sem esmorecer, no caminho de resposta” àquele duplo imperativo existem “meios oportunos” que “fortalecem” e “ajudam a medir a verdade” da conversão pessoal: a esmola, a oração e o jejum. “A esmola discreta, desprendida e generosa que se concretiza na partilha fraterna e no dom de si mesmo; a oração sincera, silenciosa e confiante, que permite dar mais espaço à presença de Deus e dos outros na própria vida; o jejum, igualmente discreto e simples, que é muito mais do que privar-se de alimento”, específica.

O bispo do Algarve refere que a “impossibilidade de celebrar o domingo, com a participação presencial na Eucaristia e noutras celebrações quaresmais”, deve levar a “dar mais espaço à escuta orante da Palavra de Deus”. “A nível pessoal e melhor ainda como família e Igreja doméstica, a Quaresma celebrada e vivida em tempo de confinamento, pode constituir uma oportunidade para se sentar à mesa da Palavra e «reconhecer que é Cristo que se faz presente e se dirige a nós para ser acolhido», escreve, citando a exortação apostólica pós-sinodal ‘Verbum Domini’ do Papa Bento XVI.

D. Manuel Quintas indica ainda que o destino das renúncias quaresmais dos cristãos algarvios este ano é para a Cáritas da Diocese do Algarve fazer face aos crescentes pedidos de ajuda que lhe chegam.

A Quaresma é um tempo de 40 dias que se inicia com a celebração das Cinzas (este ano a 17 de fevereiro), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, no próximo dia 4 de abril.

 

Ademar Dias

Partilha este artigo