Economia portuguesa voltou a ter necessidade de financiamento em 2022
A economia portuguesa apresentou uma necessidade de financiamento de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, tendo os particulares atingido uma capacidade de financiamento aos níveis de 2008, segundo o Banco de Portugal (BdP).
"As necessidades de financiamento das sociedades não financeiras e das administrações públicas (respetivamente de 1,9% e 0,4% do PIB) excederam as capacidades de financiamento das sociedades financeiras e dos particulares (de 1,3% e 0,5% do PIB)", refere o Banco de Portugal, que acrescenta que "desde 2008 que os particulares não tinham uma capacidade de financiamento tão baixa".
Em comparação com 2021, a economia passou "de uma capacidade para uma necessidade de financiamento, reduzindo-se o saldo em 1,4 pontos percentuais (p.p.)".
O banco central aponta que esta diminuição refletiu, "quer as reduções das capacidades de financiamento dos particulares (de 2,9 p.p.) e das sociedades financeiras (de 0,8 p.p.), quer o aumento da necessidade de financiamento das sociedades não financeiras (de 0,3 p.p.)".
Por outro lado, o decréscimo de 2,5 p.p. do financiamento das administrações públicas compensou parcialmente estas evoluções.
Em relação às interligações entre setores institucionais das contas nacionais financeiras, em 2022, segundo o BdP, destacaram-se algumas relações financeiras entre vários setores da economia e o exterior, entre os quais o resto do mundo ter financiado as sociedades não financeiras em 5% do PIB.
Já as sociedades financeiras financiaram o resto do mundo em 4,3% do PIB, as sociedades não financeiras financiaram os particulares e as sociedades financeiras em 2,5% e 1,0% do PIB, respetivamente, enquanto os "particulares financiaram as sociedades financeiras e as administrações públicas em 2,1% e 0,8% do PIB, respetivamente".
Já face a 2021, as sociedades financeiras reduziram o financiamento concedido às administrações públicas em 9,4 p.p., as administrações públicas diminuíram o financiamento ao resto do mundo em 5,2 p.p. e as sociedades financeiras aumentaram o financiamento concedido ao resto do mundo em 4,2 p.p.
Já os particulares "reduziram o financiamento concedido às sociedades financeiras em 2,6 p.p. e inverteram a relação de financiamento com as administrações públicas, passando a ser o seu maior setor financiador, em 0,8% do PIB".
No que respeita às posições no final do ano, a economia portuguesa apresentou uma "posição financeira líquida de -83,9% do PIB perante o resto do mundo", contra -95,0% do PIB no final de 2021.
Os ativos financeiros líquidos dos particulares recuaram 14 p.p. em termos homólogos para 126,6% do PIB, enquanto os das sociedades não financeiras, das administrações públicas e das sociedades financeiras cifraram-se, respetivamente, em -124,4%, -79,9% e -6,1% do PIB (mais 11,5 p.p., mais 24,3 p.p. e menos 10,7 p.p. do que no final de 2021).
Ademar Dias