Governo reconhece perda de poder de compra de 0,9% em 2022
Os salários dos portugueses vão perder poder de compra em 2022. Esta conclusão é reconhecida nas previsões subjacentes à proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) entregue esta quarta-feira. A taxa de inflação vai acelerar para 4% este ano, ao passo que as remunerações médias por trabalhador vão crescer 3,1%, o que resulta numa perda de 0,9%. O Governo responde com os apoios já anunciados, mas o próprio ministro das Finanças tinha admitido que era impossível uma compensação total.
De acordo com as previsões subjacentes ao OE2022, as remunerações médias por trabalhador vão crescer 3,1% este ano, menos do que o esperado pelo Conselho das Finanças Públicas (4%) mas exatamente igual à previsão do Banco de Portugal (também a previsão do Governo para a inflação e o PIB é igual à do banco central). Já a taxa de inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidores (usado para comparações europeias), deverá acelerar para 4%.
“Considerando o IHPC como deflator, o Ministério das Finanças antecipa uma redução da remuneração real média de 0,8% em 2022, o que compara com uma expectativa de estabilização no exercício de projeção do CFP“, alerta o Conselho das Finanças Públicas no relatório sobre a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022). O ECO questionou o CFP sobre como chegou aos 0,8% (em vez dos 0,9%) e fonte oficial explicou que pode estar relacionado com arredondamentos ou alterações posteriores à entrega dos dados ao Conselho.
Além de ficar aquém do aumento dos preços, a subida dos salários prevista em Portugal para o conjunto da economia (setor público e setor privado) fica aquém dos ganhos de produtividade. Segundo as previsões do Ministério das Finanças, o aumento da produtividade aparente do trabalho será de 3,5% em 2022, acima dos 3,1% da subida dos salários.
Ademar Dias