Portugal é o segundo país da UE onde menos estudantes aprendem duas ou mais línguas estrangeiras
Apenas 6,3% dos estudantes portugueses do ensino secundário aprenderam duas ou mais línguas estrangeiras, de acordo com os dados publicados pelo Eurostat esta sexta-feira, que coloca Portugal como o segundo pior país da União Europeia neste indicador, apenas “ultrapassado” pela Grécia (0,7% dos estudantes). No topo está o Luxemburgo onde 100% dos estudantes têm de aprender duas ou mais línguas estrangeiras: além do luxemburguês, falam francês e alemão, duas línguas que também são oficiais neste país.
“O conhecimento das línguas estrangeiras é uma ferramenta essencial para o intercâmbio cultural“, escreve o gabinete europeu de estatísticas, referindo que esse tipo de qualificações é apreciado pelas empresas e podem facilitar a comunicação em diferentes contextos.
Em média, na União Europeia, em 2019, 59% dos estudantes do ensino secundário estudavam duas ou mais línguas estrangeiras. Além do Luxemburgo, mais de 90% dos estudantes aprendem duas ou mais línguas em países como França, Estónia, Chéquia, Roménia, Finlândia (todos de 99% para cima), Eslováquia (98%), Croácia (95%) e Eslovénia (92%).
O contraste é acentuado quando se olha para os países do sul da Europa, aos quais se somam os países que têm o inglês como a língua materna. Na Grécia, menos de 1% dos estudantes aprende duas ou mais línguas estrangeiras, seguindo-se Portugal, Irlanda (12%), Itália (25%) e Espanha (27%). Fora da União Europeia, é de notar os 2,6% registados pelo Reino Unido que, à semelhança da Irlanda, tem o inglês como língua materna.
O Eurostat esclarece que apenas são consideradas as disciplinas obrigatórias, mesmo que opcionais, e são excluídas as disciplinas quando estas são um acrescento ao currículo mínimo obrigatório — um critério que poderá ter alguma influência nos resultados aqui apresentados.
Sem margem para dúvidas, o inglês é a língua estrangeira que mais estudantes europeus (96%) estudam e nesse aspeto as estatísticas mostram que os portugueses aprendem bem a língua de Shakespeare: o índice EF English Proficiency Index (EF EPI) de 2020 colocava Portugal em sétimo lugar no ranking dos países que melhor falam inglês.
Em segundo lugar surge o espanhol com 26% e só depois o francês (22%) e o alemão (20%). O italiano tem uns residuais 3%, assim como o russo, a língua não oficial da UE que é mais aprendida pelos estudantes europeus, especialmente na Estónia, na Letónia, na Lituânia (três estados anexados pela União Soviética) e na Bulgária (aliado da União Soviética).
Ademar Dias